A segunda experiencia de governo petista em Fortaleza completa seu sexto ano. O movimento militante e de adesão a candidatura vitoriosa de Luizianne Lins é um fato incontestável. A habilidade demonstrada pela prefeita na composição de seus dois governos garantiu, principalmente no primeiro mandato, a tranquilidade necessária para quem estava chegando numa máquina administrativa bastante complexa e com um nível de desorganização capaz de fazer qualquer um esmorecer. Memória tão recente é imperdoável cair no esquecimento.
A transição foi um duro começo para quem estava chegando e recebendo uma administração totalmente envelopada no modelo de longos anos de governos anteriores. Difícil porque o projeto debatido com os cidadãos/ãs versava por outros rumos, por outras diretrizes e se propunha fazer acertos coerentes, legítimos e honestos para com os seguimentos mais prejudicados por uma cultura governista movida pelo clientelismo, falta de transparência e negligente com a corrupção. Faltava dinheiro para pagar os servidores quando a prefeita assumiu seu primeiro mês de governo. Debruçou-se sobre os contratos que envolviam fornecedores que tinham suas faturas atrasadas, pois o governo que se fora não honrara seus compromissos. Numa postura de muita responsabilidade, a gestora dialogou e negociou com esses setores, a fim de não trazer mais nenhum prejuízo para a cidade.
As iniciativas e os esforços para garantir as transformações na forma de governar e na execução de políticas públicas voltadas para os interesses coletivos exige a consolidação de uma base sólida firmemente compartilhada entre o executivo e o legislativo. Na montagem do governo prevaleceu a compreensão de que uma nova cultura administrativa não se daria de forma isolada, na esfera pública, o envolvimento das partes como os partidos da aliança e da base do governo seria e, efetivamente, foi fundamental.
Foi um processo longo e doloroso, mesmo assim, a prefeita não desistiu, nem se rendeu, diante das dificuldades demonstrou uma inteligência perspicaz que desafia, ainda hoje, a si, aos aliados, e aos que representam uma oposição saudosista e oportunista e aqueles que ensaiam uma esquerda no limiar do seu antagonismo.
Nas minhas reflexões imagino que essa campanha oposicionista e sem nenhum projeto palpável de cidade, confunde-se com os projetos de uma burguesia extremamente anti povo que não suporta ver Fortaleza tomada, durante esses últimos seis anos, por um sentimento de conspiração permanente pelo sonho do belo e da utopia que nos foi despertada por uma liderança com sentimento profundo de amor e liberdade.
A gestão “Fortaleza Bela” tem feito intervenções em áreas da cidade que tradicionalmente só eram lembradas nos períodos de eleição, quando se dá a corrida da caça aos votos. O povo sabe disso, tanto que a prefeita foi reeleita, em 2008, no primeiro turno.
O orçamento participativo assim como o plano diretor participativo, representam um dos maiores legados que a gestão deixa para o movimento das comunidades, na medida que as instiga a despertar para a necessidade de se organizarem e participarem ativamente da agenda social. Foi essa agenda social que a prefeita garantiu, mesmo sem orçamento, em seu primeiro ano de governo, legitimando e priorizando tais iniciativas nas ações do governo.
O Titanzinho virou a ágora contemporânea: um debate cidadão em que a prefeita reafirmou seu compromisso com o projeto democrático e popular e a sua opção intransigente pelas comunidades historicamente surrupiadas pelos interesses do poder econômico e os especuladores de plantão, prontos para abocanhar áreas promissoras e lucrativas da cidade.
A criação da Secretaria de Direitos Humanos foi uma importante decisão da prefeita. Ali estão propostos eixos temáticos, tais como: igualdade racial, diversidade sexual, políticas públicas para os idosos e pessoas com deficiência; Além da coordenadoria de mulheres, com a missão de elaborar e executar ações transversais em todas as pastas tendo como foco a busca de uma compreensão mais aprofundada de gênero, onde a participação das mulheres seja fundamental para alavancar as mudanças nas relações de poder. Uma decisão de gestão, sem duvida, muito ousada.
As grandes obras que estão em execução são apenas detalhes em meio ao projeto político que vem se enraizando na mente e na compreensão de tantos(as) que tem sua autoestima resgatada pelo exercício de emponderamento crescente que passa de pessoa a pessoa.
É coerente que os partidos aliados que cederam técnicos hoje responsáveis por secretarias e outros órgãos da administração direta ou indireta, sintam-se também responsáveis pelos resultados de uma gestão que está apenas na metade do seu segundo mandato.
Defendo a tese do aprofundamento da democracia como forma de defesa ao aprofundamento do modelo de sociedade de classes, pois a democracia pode tomar várias feições e ser amplamente revigorada por interesses de uma minoria que detém os bens, as riquezas, que explora a natureza e os seres humanos.
Não é justo que as críticas que são disferidas hoje contra a gestão, conservem um recorte pessoal e desrespeitoso à prefeita Luizianne Lins.
Tenho me perguntado a que custo foi negociado todos os interesses que hoje se apresentam no xadrez da disputa eleitoral na cidade de Fortaleza.
Indago-me sobre o papel dos meios de comunicação nessa torre de babel. A imprensa que tabela os ambientes da noticia se consorciando com meia dúzia de caras pálidas que saem do ambiente virtual para ter suas caras estampadas nos ditos 'cadernos políticos' dos jornais locais.
Articuladores de uma campanha sem conteúdo político-ideológico, haja vista as declarações em twitter e facebook de algumas figuras que se intitulam como mobilizadores dessa campanha difamatória e com forte recorte sexista e de gênero.
É ridículo a situação e o nível de quem se presta como testa de ferro para aqueles que, nos bastidores continuam manietando golpes e utilizando os meios de comunicação como um barulhento trampolim.
A insistência dos parlamentares estaduais em legislar sobre as matérias do município é um disparate em função dos grandes dilemas de responsabilidade direta do governo estadual. A assembleia cearense está diminuída ou pior, os parlamentares desconhecem sua abrangência e o seu papel enquanto ente federativo. Parte do grupo de parlamentares que mais criticam a gestão municipal foi cúmplice na votação a favor do deputado envolvido no desvio de recursos oriundos da merenda escolar do município de Fortaleza, em outro governo. O parlamento peca pelo seu exacerbado corporativismo e, a custa de uma tal imunidade, tudo parece possível e justificável.
A “Fortaleza Bela” que insistimos em querer, é aquela que construímos no presente e no futuro, com a certeza que aprontá-la é uma tarefa de muitos(as) contagiados(as) pelo sonho que em parte já é realidade.
Ao lembrar da resistência e da coragem da prefeita em está sempre participando o belo, o amor, a liberdade, me vem a mente uma reflexão da filosofa Hannah Arendt, em “A Condição Humana”: “O que mantém unidas as pessoas depois de ter passado o momento fugaz da ação (aquilo que hoje chamamos «organização») e o que elas, por sua vez, mantêm vivo ao permanecerem unidas é o poder. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa dessa convivência renuncia ao poder e torna-se impotente, por maior que seja a sua força e por mais válidas que sejam as suas razões.”
Iris Tavares
Historiadora. Presidente do IMPARH
Diretório Estadual do PT
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